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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Civilização Perdida da Amazônia



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Mapa de 1562.


 
Sempre se discutiu a história da américa pré-colombiana, falando sobre antigas grandes civilizações como maias, astecas, e incas. Em questão de culturas e sociedades sofisticadas, sempre se passou longe do Brasil, sendo este considerado berço de povos "primitivos". Mas nas últimas décadas, muitos pesquisadores do desenvolvimento humano nas Américas têm discordado da não existência de uma grande civilização por aqui.



Os primeiros relatos dos colonizadores europeus que navegaram pela região amazônica davam conta da existência de cidades douradas e de mulheres guerreiras. Falavam também de grandes tribos ao longo dos rios. Gaspar de Carvajal, padre que integrou a primeira expedição ao Amazonas, chefiada, em 1542, por Francisco Orellana, descreveu-as assim: "Não há distância de um tiro de balestra entre a última construção de uma aldeia e a primeira de outra. E nossos barcos navegam 5 léguas entre o início e o fim de cada aldeia".

O capitão Altamiro, da expedição de Aguirre, em 1559, arriscou um cálculo para estimar a população local. "Fomos recebidos por não menos que 300 canoas e em cada uma vinham dez índios." Durante séculos esses relatos foram tomados como pura fantasia, até pela ciência.






Em 1639, uma nova expedição capitaneada por Pedro Teixeira teve como cronista da expedição, o jesuíta Cristóbal de Acuña: "Quase com as primeiras vistas daquela parte da América que hoje tem o nome de Peru, nasceram em nossa Espanha, ainda que por confusas notícias, acendidos desejos da descoberta do grande Rio das Amazonas, chamado por erro comum, entre os poucos vistos na Geografia, rio do Marañon, não só pelas muitas riquezas, de que foi sempre suspeito; nem pela multidão de gente que mantinham suas orlas, nem pela fertilidade de suas terras, senão principalmente, por entender, que ele era o única canal, e como rua maior, que percorrendo pelo Peru, se sustentava de todas as vertentes que ao mar do Norte tributavam suas cordilheiras."

Charles Marie de Condamine foi o primeiro cientista em percorrer o Amazonas, em 1743. Em seu relato afirma que as orlas tinham estado muito povoadas um tempo atrás mas que naquele momento ficavam já poucos indígenas, a maioria agrupados em missões jesuitas: "pela manhã subimos à missão de San Joaquín, composta de várias nações índias e sobretudo da dos omaguas, nação antigamente poderosa e que povoava ainda faz em um século as ilhas e orlas do Amazonas em um trecho de umas duzentas léguas águas abaixo do Napo."




De duas décadas para cá, descobertas arqueológicas não deixam dúvidas de que a região abrigou cidades muito maiores do que as que foram descobertas pelos europeus, que mantinham entre si relações de poder e hierarquia, faziam alianças, comercializavam e guerreavam entre si. O indício mais recente dessas civilizações foi descoberto pelo arqueólogo Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida. Em seu trabalho, publicado em outubro na revista americana Science, Heckenberger conta que localizou no Alto Xingu, nordeste do Mato Grosso, vestígios de grandes agrupamentos ligados por estradas e com construções sofisticadas, como pontes e barragens defensivas.''A complexa rede de comunicação entre
as aldeias comprova a existência de uma grande civilização", diz.


As cidades se pareciam com as aldeias atuais: as residências ficavam em torno de uma praça central, que servia como área para práticas religiosas. "No entorno dos povoamentos, encontramos fossos com até 3 metros de profundidade que, provavelmente, serviam para proteger os habitantes." A conclusão derruba a teoria de que a Amazônia foi uma floresta virgem, intocada.

A pesquisa no Alto Xingu mostra apenas uma das várias sociedades complexas daquela região. "Elas existiam em outras partes da Amazônia, na Bolívia, no trecho do rio Amazonas quase inteiro, no médio e baixo Orinoco e em outras áreas", afirma Michael Heckenberger. "Em 1492, a Amazônia era provavelmente uma área de enorme variabilidade cultural, com grupos regionalmente interligados."


Provas das complexas sociedades amazônicas não são propriamente novidade.A civilização marajoara, que prosperou entre os séculos 2 e 12, na ilha de Marajó, e a tapajônica, que ocupou a região de Santarém (ambas no Pará) até o século 16, são dois exemplos conhecidos. No geral, em todas houve grandes intervenções humanas na paisagem.

Os marajoaras, por exemplo, erguiam aterros com até 10 metros de altura e centenas de metros de comprimento sobre os quais construíam suas casas, tudo para evitar as cheias. "Havia intercâmbio entre as diferentes civilizações, como mostram os elementos comuns na iconografia e nas artes", diz Eduardo Góes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP). A confluência dos rios Negro e Amazonas também abrigou uma grande civilização. Na região, estudada por uma equipe do MAE desde 1997, foram descobertos vestígios de atividade humana, como a terra preta, uma cobertura não natural, fruto do acúmulo de material orgânico, onde foram encontrados restos de cerâmica, pedra lascada e outros resíduos que indicam a presença do homem no local há até 3 mil anos. "Pelo volume de material encontrado, podem ter vivido ali cerca de 15 mil pessoas no século 16", diz Eduardo.





Se efetivamente existiram civilizações com grande população na Amazonia, isso implicaria que em algum ponto entre os séculos XVI e XIX deveram sofrer um declive catastrófico que as fez desaparecer quase por completo. Uma possível explicação seria a catástrofe demográfica na América após a chegada dos europeus, que pôde diminuir dramaticamente uma população não imune às armas e doenças européias.


Devido a ocupação do homem branco sobre a floresta Amazônica, o desmatamento fez serem abertos grandes campos de pasto que revelam em seu solo os geoglifos, desenhos de formas geométricas no solo com até 3 metros de profundidade, interligados por grandes estradas, algumas retas- o que mostra conhecimento avançado de ciências exatas como geometria:











                                         Mas afinal, como nasceram tais civilizações?


Sabemos que existem inúmeras teorias afirmando a passagem de povos conhecidos como os normandos e os fenícios pela América. Eles teriam se estabelecido por aqui? Daremos importância às civilizações mediterrâneas nesta página.


Em maio de 1968, o jornal O Dia, do Rio de Janeiro, publicou uma reportegem vinda dos EUA, acompanhada da reprodução de um quadro de símbolos, dizia o texto: "Encontrados na Paraíba e levados para Walthan, em Massachustes, estes símbolos que foram estudados durante quase 100 anos. Finalmente o professor Cyrus Gordon, especialista em assuntos mediterrâneos, conseguiu decifrá-los. Indicam que os fenícios estiveram nas terras que hoje formam nosso país, pelo menos doi mil anos antes de Cristovão Colombo descobrir a América e Cabral chegar ao Brasil".


O professor responsável pela tradução de antigos escritos encontrados na Paraíba, Cyrus Gordon, encontrou o seguinte resultado:


"Somos filhos de Canaã, de Sidon, a cidade do rei. O comércio nos troxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano 19 de Hirã, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion-Geber no mar Vermelho, e viajamos com dez navios. Permanecemos no mar juntos por dois anos, em volta da terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade e nos afastamos de nossos companheiros e assim aportamos aqui, 12 homens e 3 mulheres, numa nova praia, que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente possam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor ".


O historiador e arqueólogo Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, amazonense, chegou a juntar cópias de 3000 letreiros e inscrições encontrados no Brasil e em outros países americanos, e aponta semelhanças com inscrições encontradas em outros países do velho mundo. Bernardo Ramos esteve na pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, estudou a inscrição ali encontrada, afirmou ser de caracteres Fenícios e traduziu-as:

"Tiro, Fenícia, Bedezir primogênito de Jethabaal".

Essas inscrições foram encontradas em 1836, no pico dessa montanha, a uma altitude de 840 metros, e mede cada uma três metros. Bedezir reinou na Fenícia de 855 a 850a.C.



                                                                                  Inscrição da Pedra da Gávea

 

O escritor grego Diodoro (da Sicília) dá-nos nos capítulos 19 e 20 do 5º livro da sua história universal, a descrição da primeira viagem de uma frota dos Fenícios que saiu da costa da África, perto de Dacar, e atravessou o oceano Atlântico no rumo do Sudoeste. Os navegadores Fenícios encontraram as mesmas correntezas oceânicas de que se aproveitou Pedro Álvares Cabral para alcançar o continente brasileiro, e chegaram com uma viagem de "muitos dias'' às costas do Nordeste do Brasil.


Diodoro da Sicilia.


Diodoro conta a viagem da frota dos Fenícios quase com as mesmas palavras com que narram os livros escolares brasileiros a viagem de Cabral: '' Os navios andavam para o Sul, ao longo da costa da África, mas, subitamente, perderam a vista do continente e uma violenta tempestade levou-os ao alto mar. Ali, perseguindo as mesmas correntezas, descobriram eles uma grande ilha, com praias lindas, com rios navegáveis, com muitas serras no interior, cobertas por imensas florestas, com um clima ameno, abundante em frutas, caça e peixe e com uma população pacífica e inteligente".





Apesar de algumas descobertas já feitas, muitos mistérios rondam e continuarão rondando a história deste "admirável novo mundo" .